Esta manta ou colcha de retalhos tem levado imenso tempo a fazer. Não que seja excepcionalmente difícil, mas porque me apanhou numa fase da vida em que o tempo tem sido reduzido e, para empreender um trabalho destes, é preciso alguma disponibilidade.
Agora a manta já está pronta e, como sei que há sempre quem queira aventurar-se nestes projectos mas não sabe bem como fazê-lo, resolvi montar umas fotos do processo e fazer uma espécie de tutorial (ainda que muito leve) sobre as várias fases.
Talvez seja bom explicar antes de tudo que uma destas mantas de retalhos acolchoada costuma ter 3 partes, o topo, o enchimento e o forro.
Para facilitar, numerei as fotos por isso, vamos lá explicar como fiz isto.
Em primeiro lugar escolhi os tecidos e, como queria fazer uma composição com triângulos, cortei, usando uma base de corte e um cortador circular, os tecidos em triângulos (fig.1). A quantidade de peças de tecido e o tamanho das mesmas depende, obviamente, do tamanho que querem dar à manta. Convém fazer um esquema num caderno, antes. Nesta fase é bom não esquecer que têm que cortar pedaços de tecidos maiores, porque as margens de costura vão deixar os triângulos mais pequenos.
Depois, numa superfície grande (uma mesa, por exemplo), comecei a parte da composição, ou seja, a juntar os tecidos da forma que mais me agradou, para ficar com as dimensões que eu tinha escolhido (fig. 2, 3 e 4).
Quando tinha o esquema todo montado, fotografei, para poder esclarecer alguma dúvida que surja no momento em que estou a coser. Isto é muito importante porque, muito possivelmente, não se conseguem coser as peças todas no mesmo dia e, a menos que possam dispensar uma mesa de trabalho para ter lá o esquema inteiro todo montado durante todo o tempo que isto possa demorar, é melhor fotografar e assim, mesmo que tenham que recolher as peças, já saberão montar o esquema pretendido novamente.
Depois disto, comecei a juntar os retalhos, ou seja, a cosê-los uns aos outros. Costumo fazer as costuras nas linhas horizontais. Cosi primeiro os triângulos aos pares, formado quadrados, e depois cosi os quadrados uns aos outros. É importante passar sempre a ferro as costuras, por forma a ajudar a fechar e a abrir os pontos.
Quanto tinha uma linha horizontal toda costurada passava à linha seguinte e sempre assim até ter todas as linhas horizontais costuradas.
Depois de estarem todas costuradas na horizontal, comecei a coser, também uma a uma, na vertical, até a peça estar toda unida e, assim, concluído o topo (fig. 5).
Uma vez concluído o topo, a parte seguinte é unir as três partes de que é composta a colcha. Na mesma superfície grande coloca-se, por baixo, o tecido que vai servir de forro, com o lado direito virado para baixo, por cima deste, o enchimento e, por cima de tudo, o nosso topo de retalhos (fig.6). Para o enchimento existem materiais apropriados de diversas composições. Eu usei uma manta polar que tinha comprado para este efeito porque é uma material maleável e quentinho e mais fácil de arranjar. Cortam-se os excessos, mas não demasiado à medida do topo e prendem-se as 3 camadas de tecido com muitos alfinetes de ama (fig. 7 e 8). Eu usei 1 alfinete em cada quadrado, para que os tecidos ficassem bem presos uns aos outros porque a fase seguinte é a fase de acolchoar.
Há também várias formas de acolchoar, à máquina ou à mão, e há máquinas especiais que fazem, inclusivamente, desenhos enquanto acolchoam. Eu faço de uma forma muito simples. Utilizo um pé calcador especial - walking foot (fig. 9) - e coso linhas direitas com a máquina de costura de forma a prender bem os três tecidos e dar o aspecto de acolchoado. Neste caso cosi linhas direitas apenas na vertical, ao longo dos quadrados, de um lado e de outro das margens (nas imagens 11 e 12 percebe-se melhor), mas já fiz na vertical e na horizontal.
Depois de estar tudo acolchoado e, consequentemente, os tecidos muito bem cosidos uns aos outros, aparam-se os tecidos para que fiquem, as três camadas, com o mesmo tamanho. Nesta fase, falta apenas debruar para terminar a colcha. Escolhe-se uma fita de viés que destaque o trabalho, e cose-se conforme a imagem 10, encostando a fita aberta ao limite dos tecidos, e cosendo na primeira dobra, a toda a volta da manta (fig. 11).
Depois disto, é arrumar a máquina, escolher uma linha da mesma cor da fita de viés, ir buscar uma agulha e o dedal (fig. 12) e debruar á mão, toda a fita (fig. 13).
Não sei se esta é a forma mais correcta de realizar este tipo de trabalho, mas é como eu faço, e eu aprendi sozinha, por tentativa e erro, e vendo alguns vídeos que se encontram pela internet.
Se alguém chegou a este parágrafo e teve a pachorra para ler tudo o que escrevi até aqui, imagino que esteja mesmo interessado neste tema, aconselho a pesquisar vídeos no youtube sobre quilting e também um blogue que, para mim, é uma referência, e que tem muito sobre este tema: o Saídos da Concha - Aqui.